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Freguesia de Carvalhais e Candal

Carvalhais
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Guerras

Segundo o que escreveu o Prof. M. Correia Tavares em " Carvalhais - Elementos para o estudo da freguesia", quando se lembraram os mais variados factos duma terra e se recordam os seus filhos e tudo se comenta, bem ou mal, é oportuno e justo apontar, no imenso quadro da histórica bélica da Nação o imperceptível sinal, a olho nu, da colaboração dos carvalhenses.
Tal como o Professor entendeu, também nós o entendemos, e então passamos a seguir a pôr o dedo nas linhas da  da nossa História que os filhos de Carvalhais, quer pelo seu esforço, quer pelo seu sangue, ajustaram a escrever.
Muitos dos conteúdo que iremos referir para cada conflito foram adaptados do livro do Professor M.C. Tavares.

Guerra da Restauração:

Começou esta guerra logo em 1641 e prolongou-se por um dilatado período bélico que veio a ter seu fim, com a estrondosa derrota dos Espanhóis, em Montes Claros, no ano de 166.
Apesar do reino se apresentar, ao cabo dos tenebrosos 60 anos, empobrecidos, sem ordem, nem lei, D. João IV e seus sucessores encontraram, no inesgotável e acendrado sentimento patriótico dos Portugueses, as forças necessárias para erguer as quinas e obrigar o castelhano e considerá-las como símbolo de Nação Livre e Independente.
Dezenas de escaramuças e algumas batalhas regista a história da campanha restauradora. Dela e dos princípios comandantes ocuparam os historiadores. Mas o anónimo, o «soldado desconhecido», saído do lugarengo serrano ou do litoral que, com o seu revoltado e generoso sangue e português assina e junta mais uma vitória, quem se lembra dele? Compreensivelmente se explica ser impossível, ao menos, guardar uma linha para o seu nome.
Folheando no Arquivo Distrital de Viseu, o livro dos óbitos da freguesia, de 1611 a 1713,lê-se o nome de alguns naturais que haviam tombado, nas fronteiras, um de Penamacor e outros de Elvas, desde Setembro a Dezembro de 1658, pela reconquista da Liberdade.

“No mês de Setembro de 658. morreu Manuel Jorge, soldado de Penamacor. É por ele sua mãe Maria Antónia, do lugar de Germinade. No mês de Dezembro de 658 morreram nas fronteiras, de Elvas e Penamacor Manuel Jorge, filho que foi de Amadeu Jorge, de Sá... e, no dito mês Pedro, fº que foi de Manuel da Rocha do lugar de Mourel ”.
Ainda fronteira de Elvas morreu “António, f.º de Manuel João, da Mota». Também em Dezembro de 1658 «morreu António, f.º de João Ribeiro, do lugar de Mourel, nas pt.es de Alentejo, indo por soldado».
Sabendo onde e quando morreram poderemos afirmar com todo o rigor histórico que, pelo menos, a sua participação foi directa na campanha das linhas de Elvas que começou em 1657, pretendendo João Mendes de Vasconcelos tomar Badajoz. Para enfrentar os portugueses, vem comandar, em pessoa, as tropas castelhanas o primeiro-ministro D.Luis de Haro. Em Outubro de 1658 cercou Elvas. Os Portugueses situados vão suportando os ataques, enquanto esperavam socorros. Numa dessas escaramuças, em Dezembro, encontraram a morte os soldados desta freguesia, que se encontravam na defesa das referidas linhas. Logo que o Conde de Cantanhede chegou com reforços, travou-se a batalha decisiva, emn14 de Janeiro de 1659, terminando, assim, uma das mais heróicas campanhas daquela guerra, na qual a esta freguesia esteve presente ajudando a cimentar com o sangue de seus filhos as brilhantes vitorias das armas portuguesas

Invasões Francesas:

Num livro de assento de óbitos da freguesia, encontra-se um registo de um deles. Uma mãe, depois de, em vão, esperar durante onze anos, o regresso do filho, manda-lhe lavrar o registo mortuário e encomendar a alma a Deus.
«Aos quadro dias de Novembro de 1820, nesta igreja de Carvalhais, se fizeram os bens de alma por José, solteiro, soldado, filho de Josefa Maria vindo da Torre, desta freguesia por se supor morto, uma vez que, desde o tempo da guerra de 1809, nunca mais houve notícias dele.
O encomdº, José Maria de Castro ».


Depois da Massena ter penetrado em Portugal, por Almeida, nos fins de Agosto de 1810, dirige-se a Viseu, onde o 8º Corpo do Exército, comandado por Junot, entra a 18 de Setembro.
Foi nesta altura da marcha sobre o Buçaco, que uma coluna do exército francês se desvia da rota que os de mais levaram, ou porque recebesse ordens para tal, ou porque desertasse, o certo é que chegaram esses soldados a S. Pedro, ficando ai alguns, mas não passando daí para baixo, segundo a tradição. Diz-se, até, que os habitantes das Termas ergueram naquela localidade, uma capelinha em acção de graças pelo facto dos Franceses lá não chegaremos antes da entrada em  S. Pedro, ou no prosseguimento da caminhada , ou ainda em simples raide de reconhecimento, a verdade é que a presença desses soldados franceses é assinalada em terras de Carvalhais.


Conta-se que vieram por Germinade, Torre e dali a Sá, fugindo, precipitadamente, quase toda a população válida, com os seus gados para a serra da Arada e os de Sá para as ruínas da antiga povoação da Marroca. Que era espectáculo de grande efeito e beleza de presenciar, de noite, cá de baixo, as numerosas fogueiras que os foragidos acenderam pela encosta e cume da serra, reforçando esse movimentado arraial, com o fim de infundir pavor aos assaltantes com milhares de luzes pressas aos chifres dos animais que consigo levaram

Uniforme - Infantaria 6
O Prof. M.C. Tavares refere no seu livro que terá sido informado por uma velhinha de Sá, que os cavalos se lhes atolaram nos lameiros, perto de Além do Rio. Encontrado um velho escondido numa vazada, logo lhe pediram que lhe chama-se os vizinhos para os ajudarem que, em troca, além de vinho nada mais queriam, nem outro qualquer prejuízo lhes causariam conta que cumpriram.

Segundo o o livro do Prof. M. Correia Tavares, o Sr. Dr. Escada, da Torre, que a sua família guarda uma tradição, passada de avós a netos, que explica como um factor bem diverso do que sucedeu, em Sá, mas não menos interessante e importante, concorreu para que os haveres dos habitantes da Torre fossem igualmente poupados á fúria dos invasores.
De França, acompanhava o oficial que comandava aqueles soldados uma jovem e linda francesa que vinha no seu estado interessante. É o mais interessante e afortunado para os habitantes da Torre foi que ela viesse acabar os nove meses desse estado, precisamente, quando chegou àquela povoação. Tratou logo o oficial de saber qual o melhor, mais asseada e confortável casa do humilde lugarejo que servisse de maternidade para acudir, em circunstâncias tão críticas, á sua dedicada, lealíssima e inseparável «oficiala ». Essa casa era a do «Cigano»que, como as outras, já estava vazia. Logo o manda chamar a ele, aos seus e demais vizinhos. A todos fez promessas de paz, que nós acreditamos fossem sinceras, lembrando-nos que, aquele possivelmente experimentando oficial de Napoleão, pedia somente em troca, que todos o ajudassem naquela feminina campanha, da sua mais que tudo dar à luz.
Na hora -H- tudo se resolveu pelo melhor e o aflito oficial francês se tornou pai naquela aldeia do interior da beira, duma menina que fica patrícia daqueles que seus progenitores vinham perseguindo .
Não só a promessa de paz foi cumprida, como ainda reconhecida e enternecidamente aquele casal deixou, como lembrança á família do «cigano», uma linda e rica colcha de sede que cobriu o leito onde lhes nasceu a filha. Segundo nos diz o Sr. Dr. Escada, foi conservada na família e só levou sumisso, há uns anos, da sua cama de académico para lhe ajudar a equilibrar um difícil orçamento duma república de...estudantes, onde na altura era ministro ... das finanças.
No Pisão, aldeia desta freguesia, aninhada na base da serra, ficou, como recordação da sua passagem, um desses soldados. Chamava-se Pierre Lapasset e era natural de «Vielle, bispado de Loreda, reino de França», exercendo o ofício de castrador de porcos. Lá casou com Josefa de Almeida, deixando numerosa descendência e lá morreu, aos 28 dias de Agosto de 1841.

Grande Guerra de 1914

Viram-se também os portugueses envolvidos nesta guerra. Esses  «monstro» hediondo que é a guerra servido de mil tentáculos, que todos estende para, ao perto e ao longe, tudo arrastar, para logo tudo sumir, no seu abismático ventre de Moloch insaciável, também a estas paragens serranas e longínquas arrancou vidas ao labor salutar e pacifico dos campos.

Não indagando pormenorizadamente, deixo aqui, de memória, quatro nomes que servem para assinalar a presença da freguesia nos campos de França, onde combatem: Manuel de Oliveira Branco de Faverrel; Manuel Garrano, agricultor, viveu,  na santa; António Ferreira natural  e residente, em Sá, e António Rodrigues Laranjeira, casado ,de Germinade. Morreu em combate pelo que a viúva recebe a pensão que o Governo atribui á família dos que tombaram. Os primeiros três participaram na batalha de La Lis.

Esta figura foi baseada numa fotografia de Arnaldo Garcez e representa a celebração da vitória e fim da 1ª Grande Guerra em 11 de Novembro de 1918. Este soldado está equipado com o uniforme de mescla cinzenta conforme plano de uniformes de Novembro de 1916. O capacete ‘modelo 1916’ de copa canelada é de fabrico Inglês (Birmingham). O equipamento / arreios são em lona de fabrico Inglês (modelo de 1908). A arma é uma Lee Enfield MKIII, também de fabrico Inglês.