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Freguesia de Carvalhais e Candal

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Referências à Cárcoda

Roteiro Arqueológico da Região de Turismo Dão- Lafões, 1994, p. p. 129/132

Património Hist/Cultural Região de Lafões.  A.NAZARÉ OLIVEIRA

Carvalhais - Elementos para o estudo da freguesia. - M. Correia Tavares


 

Castro da Cárcoda

O Castro da Cárcoda situa-se a cerca e 2 Km da povoação de Carvalhais, em plena Serra da Arada, a 610 m de altitude.
Foi objecto de várias campanhas de escavação, as primeiras em 1954/55, e as segundas entre 1975/79, as terceiras em 1997/98 e as últimas em 2001/02.
Os vestígios aí encontrados indicam uma fundação por alturas do Bronze Final e uma sobrevivência até à época Romana. O seu apogeu situa-se, sem dúvida, na idade do Ferro/Época Romana, altura em que o povoado sofreu grande desenvolvimento.
Muito do que se conhece sobre esta importante estação arqueológica deve-se a umas escavações que ali realizou M. Correia Tavares, devidamente autorizado pela Junta Nacional de Educação e sob orientação do Sr. Dr. J. M. Bairrão Oleiro, vogal da mesma Junta.
 
Por esses estudos e pela extensão do castro se pode afirmar que foi numerosa a população que ali habitava.
O castro assenta a 2 km ao norte de Carvalhais, no Outeiro da Cárcoda, de onde lhe vem o nome. Quanto ao significado do topónimo Cárcoda. Cárcoda e Cárcoa são deturpações de Cárcova ou Carcova. Ora Carcova significa «passagem encoberta nas antigas fortificações». Santa Rosa de Viterbo esclarece, afirmando ser «porta falsa, ou caminho encoberto».
 
Ligada ao topónimo anda uma lenda a qual diz que, no cimo do outeiro da Cárcoda, há uma mina – mina do bode – que guarda preciosas peças de oiro, ali escondidas pelos desconfiados moiros. Mas que estão defendidas por um dragão em forma de bode e que o esconderijo está fechado por uma misteriosa porta que só girará com rezas do popular livro S. Cipriano.
 
O povo, que tem transportado de geração para geração, o termo Cárcoda e a lenda, não sabe hoje o eu significado, ignorando, portanto, por que os seus antepassados assim alcunharão o morro.
 
É estranho, que naqueles montes maninhos, apareça um oiteiro com nome erudito, quando todos os outros ostentam topónimos de fácil e natural explicação. Como na Cárcoda houve muralhas e portas é possível que, há séculos atrás, existisse ainda visível qualquer «passagem» disfarçada e, daí, o verdadeiro nome. Depois, de pouco a pouco o povo se encarregou de fabricar a lenda, metendo-lhe o maravilhoso, tanto do seu agrado, dos tesouros encantados, dos moiros e dos génios...

É pois a explicação que se pode encontrar para o topónimo Cárcoda ou Cárcoa.
 
O outeiro onde se encontra o castro é cercado pelos ribeiros de Galinhela e do Salgueiro e, a noroeste, por um fosso aberto na rocha. Há vestígios de muralhas com aparelho helicoidal que se podem seguir por mais de 630 metros.

Estão já a descoberto umas 25 casas. Algumas de planta circular e outras quadrangular. Uma delas tem de diâmetro 4m, 90 e outra de altura 2m,4, constituindo, no género, uma das ruínas em melhor estado de conservação no nosso país. Poderá haver soterradas centenas de casas.
Apareceram durante os trabalhos de escavações, moinhos manuais, pias, grande quantidade de jorra de ferro, utensílios em ferro muito oxidados, moedas romanas, fíbulas de bronze, pedaços de vidro, tégulas, ímbrices, pesos de tear, cossoiros, muitos fragmentos de variada cerâmica doméstica e terra sigillata .

Acerca de uns fragmentos de cerâmica pintada o ilustre arqueólogo Sr. Dr. Beirão Oleiro julga que eles são «de tipo ibérico» o que «bastará para tornar a estação digna de maior importância».
 
Guardámos uma inscrição romana, bastante mutilada e que foi encontrada entre as pedras das casas desmoronadas. A uns 500 metros do castro, na quinta das roçadas, apareceu uma víria de ouro.
 
A Cárcoda terá sido habitada, pelo menos, até ao século III depois de Cristo e existem também elementos onde  se constata que, nestes primeiros séculos, os romanos ali exerceram a sua influência.  M. Correia de Tavares referiu estar convencido que a Cárcoda só se despovoou, totalmente, depois da invasão dos bárbaros.